sexta-feira, 8 de março de 2013

De MariazinhaS a MARIAS - PARABÉNS MULHERES

"Fomos boazinhas por séculos.
Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenenzinhos.
A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
Quietinhas, mas inquietas.
Até que... chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
(...)
Quem gosta de diminutivos, definha.
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
As boazinhas não têm defeitos.
Não têm atitude.
Conformam-se com a coadjuvância.
PH neutro.
Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é isso que somos hoje.
Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
As 'inhas' não moram mais aqui.
Foram para o espaço, sozinhas."

Martha Medeiros

Já fui essa "boazinha". Era a Luluzinha do papai, da vovó, da titia, a boazinha da escola. Mas dentro de mim, existia apenas uma pessoa que ficava calada, mas que pensava e não gostava de injustiças, de preconceitos, de rótulos, de regras socias etc. E quando dei meu grito, sei que foi doloroso para a família; quebrei as regras, os tabus e venci. Não sei se me realizei, mas quebrei as algemas.

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