Vi na TV o depoimento da Professora Amanda de Natal. Ela falava do descaso com a educação pública nesse país, o que é realmente uma vergonha. Eu a apoio totalmente.
E também tenho a minha história prá contar:
Entrei para a escola pública (numa periferia de Salvador), exatamente num dia do professor – 15 de outubro de 2003.
No primeiro dia de aula já achei estranho a diretora não chamar os alunos no pátio para um discurso de boas vindas, não hasteou a bandeira, não deu as recomendações gerais, como eu estava acostumada ver em escolas particulares.
Ainda não tinha horário pronto nem cadernetas. Apenas umas listas que passavam de mão em
mão, enquanto as professoras entravam e saíam das salas de aula. Uma verdadeira desorganização. Isso durou mais ou menos dois meses até ficarem prontas as cadernetas.
A escola (estrutura física), tinha apenas um único sanitário para professores (masculino e feminino), o que me deixava muito constrangida, as salas com janelas quebradas e sem porta, o muro aberto nos fundos o que não nos dava segurança alguma. Várias vezes era invadida por policiais à procura de bandidos o que causava um pânico geral.
Um ano depois, exatamente no dia do professor, fiz uma crônica para o Jornal A Tarde, tratando sobre a situação do professor e citei a escola onde eu trabalhava. Um jornalista resolveu tirar a prova e foi com câmera e tudo” visitar” a escola, vindo a publicar no Jornal.
No outro dia, técnicos da secretaria da educação resolveram conferir a reportagem. Só assim, depois de 15 anos sem reforma, a escola foi vista. Dividiram o sanitário, criaram uma nova sala para os professores, abriram uma sala para a diretoria e uma sala de informática. Eu ainda sugeri uma sala de arte, mas não foi feita. Ninguém ficou sabendo como foi feita a denúncia.
Pelo menos a escola agora está na lista da secretaria e todo ano é citada na hora da reforma geral de fim de ano.
Quanto ao salário, como a professora Amanda citou – 913,00, ainda é bom comparado à nossa situação aqui na Bahia. Para trabalhar 20 horas (ou um turno), até novembro do ano passado, o salário base era de R$ 654,32, conforme contra-cheque exposto. Digo até novembro, porque estava de licença médica e como já postei no início do blog em (O VALOR DO PROFESSOR NAS ESCOLAS PÚBLICAS), estou afastada por conta própria e fui suspensa.
Como professora de Arte, eu não tinha suporte material e os alunos também não se interessavam muito pela disciplina. Primeiro pela própria cultura de que “arte não reprova”e segundo, porque não encontravam o estímulo necessário. É muito difícil fazer arte, numa sala com carteiras comuns, sem mesas onde o aluno pudesse expressar melhor seu talento, sem material necessário e com um número médio de 50 alunos/sala.
Apesar de todo meu esforço para fazer um bom trabalho, não aguentei a situação e porisso estou afastada por motivos de saúde, o que não foi reconhecido pela Junta Médica, obrigando-me a desistir, por conta própria.

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