quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Solidão

(por Rosemeire Zago)
A característica da solidão ainda consiste em nunca ter prazer em ficar só consigo mesmo. Como ficar com alguém que é tão mau, constantemente abandonado, rejeitado, desprezado? Por isso tende a fugir desses sentimentos tão devastadores, e ao invés de eliminar a angústia, alimenta-a ainda mais. É preciso ter consciência que nada adianta manter esses pensamentos de si mesmo, pois com certeza eles não refletem a realidade. Nem se trancar em casa e fechando-se, deixando que o desespero e as lágrimas tomem conta. Como também não irá melhorar ficar sem comer, ou comer em excesso, ou ocupar-se com a vida de outras pessoas, tudo isso só irá agravar esse momento tão delicado.
Essa fuga de nada adianta pelo simples fato de que se pode fugir de tudo, menos de si mesmo e do que está sentindo. É claro que nem todas as pessoas se dão conta de que estão fugindo, pois justificam para si próprias a necessidade de agirem de tal forma.

É essencial se convencer de que ficar sozinho pode ter muitas conquistas importantes, como permitir a introspecção, a reflexão dos fatos, e principalmente, um maior encontro com seu verdadeiro eu. Viver sozinho não significa necessariamente sentir-se só. Afinal, quantas vezes não se sentiu sozinho, mesmo quando estava com a ex-companheira? Ou com amigos e familiares? Não confunda a solidão física com a emocional, pois só se sente só quem abandona a si mesmo. A solidão nasce dentro da própria pessoa, quando ela perde o contato com seu eu interior ou quando procura fugir de um problema, sentimento ou pensamento que a incomoda.

Pense em quantas coisas você deixou de fazer porque o ex não gostava ou por falta de tempo? Quando há uma separação é comum  no começo a disponibilidade de tempo assustar e fazer com que se sinta imobilizado, mas passado o período de adaptação, poderá descobrir as inúmeras coisas que poderá fazer por si mesmo. Ao se separar, irá ter muito mais tempo para fazer coisas que gosta e que nem se lembra mais. Por que não visitar uns amigos, ler aqueles livros que comprou e sequer os abriu, dedicar-se a um hobby, fazer um trabalho voluntário? São pequenas coisas que poderão aos poucos lhe trazer de novo o prazer de viver.

De fato, os momentos de saudade e tristeza pelas lembranças do passado são inevitáveis, mas é importante vivê-los consciente de todo o aprendizado, e dar ao passado o direito de existir sem que para isso precise se destruir. Ninguém pode evitar a sensação de abandono e a falta de quem se foi faz em sua vida, mas também ninguém pode te privar de que sinta uma força interior que aos poucos irá adquirir ao se permitir estar em paz consigo mesmo. E isso não tem preço!


E não tem mesmo! Depois de um certo tempo, a gente vai-se acostumando conosco e vai sentindo um prazer enorme em nos fazer companhia. A hora de sentirmos quem realmente somos, o que gostamos, o que queremos fazer, sem a influência de ninguém. Não estou fazendo apologia à solidão. Família, amigos, parceiro, é muito importante na nossa vida, mas é muito bom termos um tempo só para nós. É como se fôssemos a pessoa mais importante do mundo!

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