segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Após 1 ano, mineiros chilenos afirmam que 'não estão bem'
LUCAS FERRAZ

ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
Uol Notícias
No dia 22 de agosto de 2010, um bilhete amassado que subiu 700 m pregado a uma sonda que foi até o fundo da mina San José, no norte do Chile, avisou: "Estamos todos bem no refúgio, os 33".
Era o primeiro sinal dos mineiros soterrados em uma mina no deserto do Atacama. Marcou o início de uma operação de resgate que comoveu o mundo.
Um ano depois, José Ojeda, 47, autor das sete palavras do bilhete, decidiu parafraseá-lo, num ato de protesto: "Não estamos bem, os 33".
Assim como Ojeda, a maioria dos mineiros não conseguiu se reabilitar após o acidente na mina, quando passaram 70 dias enclausurados sob toneladas de terra, com comida escassa, nenhuma luz, submetidos a alta umidade e a temperatura de 38ºC.
As queixas são coincidentes a quase todos: pesadelos à noite, angústia, debilidades físicas, falta de trabalho e descaso das autoridades.
"As coisas não vão bem", disse à Folha Omar Reygadas, 57. "Com as lembranças, minha cabeça voltou para dentro da mina."
Ainda vivendo em Copiapó, cidade no norte do Chile onde está a mina San José, Reygadas conta que sofre de "angústia". Também não aguenta ficar em locais fechados e diz chorar muito.
"Algumas pessoas acham que ficamos ricos, mas até agora não recebemos nenhum peso", conta o mineiro, que sonha em voltar a trabalhar numa mina.
Os 33 mineiros não receberam a ajuda prometida. Muitos, como Reygadas, ficaram indignados com o uso indevido de suas imagens. Neste mês, no Chile, uma empresa lançou uma série de brinquedos de plástico deles, o que inclui até a mítica cápsula Fênix 2, que os resgatou da mina.
"O governo prometeu ajuda, trabalho, mas até agora não fizeram nada", disse à reportagem Jimmy Sánchez, hoje com 20 anos, o mais novo dos 33 mineiros.
Isso é lamentável! Uma situação que emocionou o mundo todo!
Depois que passa, as pessoas esquecem, mas prá quem passou pelo trauma, é difícil! Na hora em que está acontecendo, quem está no problema tem força, porque nasce uma esperança, uma vontade de viver, de sair daquela situação, mas depois, se não tiver um acompanhamento psiquiátrico e psicológico, as imagens ficam indo e voltando à mente, principalmente se a pessoa não se ocupa logo com outra atividade laboral, para sentir que valeu a pena ficar vivo, de estar junto da família,  de poder estar de novo sendo útil de alguma forma. Ainda mais se não recebem a ajuda prometida.
O que será desses mineiros? Se era prá deixá-los nessa situação, porque então os tirou da mina?
Talvez morrer como heróis importasse mais prá eles, do que morrer à mingua.




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