terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O VALOR DO PROFESSOR DE ARTE NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Sou professora de arte e há dois anos comecei a passar mal na sala de aula. Tontura, fraqueza nas pernas e dores na cervical e lombar (em decorrência de uma queda que me causou uma fissura numa vértebra). Durante esse período,  passei por vários profissionais de saúde, que diagnosticaram lombalgia, cervicalgia, mielopatia, fibromialgia, suspeita de miastenia gravis, síndrome do pânico e síndrome de “bournout”.
Tenho feito todos os tratamentos recomendados, graças a Deus já fiquei curada de alguns sintomas, porém as dores ainda são constantes e eu preciso continuar nos tratamentos, como hidroginástica, fisioterapia, acupuntura etc.
 Moro muito longe do trabalho.  Já pedi remoção por várias vezes, inclusive com relatório médico, e foi sempre indeferida.
Passei por um período em licença médica e há dois meses uma médica da Junta achou que eu já poderia ir voltando aos poucos ao trabalho e me readaptou, quer dizer, me tirou de sala de aula, porém na mesma escola.  No meu entendimento, seria numa escola perto de casa, onde eu pudesse continuar com os meus tratamentos para não piorar.  A pior causa da dor e da fraqueza é justamente o deslocamento.  De onde eu moro até a escola, eu tenho que descer uma ladeira, onde tomei a queda, pegar um ônibus numa Avenida e levar uma hora até chegar lá, passando por quatro bairros. Com tantos solavancos e quebra-molas, eu já chego lá com dor na lombar. Isso se viajo sentada; se for em pé, não tenho forças nas pernas na hora de descer.  Se trabalhando quatro dias na semana como professora, e só um turno, já estava difícil, imaginem todos os dias?
Diante disso, eu não aceitei a readaptação. Primeiro, porque fiz um concurso prá ser professora de arte, porque foi a área que escolhi depois de ter trabalhado por 25 anos como secretária.  Se adoeci fisicamente, foi pelo desgaste da coluna, o que agravou com a queda,  e psicologicamente, porque não encontrei  o apoio necessário para o ensino da arte na escola pública (pelo menos na que eu ensinava). Salas de aulas lotadas (mais de 50 alunos), falta de material didático, alunos desinteressados e com opinião pré formada de que arte não reprova,  pouco estímulo da direção e do próprio governo em relação às artes plásticas.  Nunca fui inscrita em cursos oferecidos pela Secretaria, porque só havia vagas para outras disciplinas, nunca recebi currículo, nem livros. Participei com os alunos, apenas de um único projeto, em 2008, e com muito sacrifício.
Sempre levei a sério o meu trabalho e não estava lá prá fazer de conta que ensinava, dando notas graciosas só para os alunos passarem, sem que eles me apresentassem um trabalho digno.
 Não quero ser aposentada por invalidez, porque não estou inválida, apenas com limitações que merecem ser respeitadas.  Estive na Secretaria prá saber quais são os meus direitos como concursada e me informaram que já tenho direito a licença prêmio, porém não estou enquadrada nos critérios,  por isso  resolvi parar de correr atrás e “deixar como está, prá ver como é que fica”.

"Gastei maior parte do meu tempo e da minha energia tentando adquirir o que eu achava que era bom, como a segurança financeira, a saúde, a aposentadoria, ou sei lá o que. E gastei uma quantidade gigantesca de energia e preocupação temendo o que determinei que era mau".
A Cabana

"Quando abrimos mão dos problemas que contraem a nossa mente e o nosso corpo, liberamos uma energia que pode, então, se mover em direções novas e mais positivas.
Abrir mão é liberar - um gesto que leva o movimento da energia criativa a todas as nossas ações, abrindo-nos para novas possibilidades de agir e de pensar, para novos modos de ser".
O Caminho da Habilidade

Um comentário:

  1. Uma amiga minha chamada Fabiana me indicou o teu blog. Percebi que tua luta é árdua, mas o teu trabalho e o teu amor pela educação é extraordinário!!! Fico feliz quando encontro uma colega de caminhada. Passe para conhecer o meu blog também. Beijos.

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