Poemas

_ Quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, os seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor, entender o que está errado e atender as reais necessidades de cada um.  
A nossa morte começa quando ouvimos apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem nos atentarmos para o que se passa no interior das outras pessoas, a fim ouvirmos os seus sentimentos, desejos e opiniões reais.
É preciso, portanto, ouvir o lado inaudível das coisas, o lado não mensurado, mas que tem o seu valor, pois é o lado mais importante do ser humano".

(Do livro: Histórias da Tradição Sufi - editora Dervish)

 


Mais uma da minha amiga Marcia Cristina

BRINCANDO
Brincar de fazer poema
Como quem deixa
... cada palavra cair,
sem queixa!
Queda que vale à pena
para fazer fluir
todo sentimento
a alegria do momento
do encontro
do encanto
do canto
Tudo isso que eu gosto tanto!...
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EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO!

Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso? A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras. ... Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida. Que zela pela sua felicidade. Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo.
Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas, e que dá uma sacudida em você quando for preciso.
Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás, É ver como ele(a) fica triste quando você está triste, e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.
Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro. Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.
Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; Quem não levanta a voz, mas fala; Quem não concorda, mas escuta.
Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!

(Arnaldo Jabor)

TOTALMENTE EXCELENTE
 

Há que mergulhar o corpo
na água tépida

e deixar-se ficar
leve, lépida...
E tudo que estava frio aquece
no vapor quente,
enquanto a alma agradece
por viver o aqui
o agora,
o presente
sabendo que a vida pode ser
totalmente excelente,
quando não se cria expectativa
se a mente estiver ativa
e o coração pulsando!
Pois se "o caminho
só se faz caminhando",
recebe-se apenas
o que se está doando...

Márcia Barros, totalmente,17.09.2012


PÉROLA

 

Uma letra de música não deixa de ser um poema. E esta que Nana canta, diz tudo de mim, porisso eu gosto tanto.

" Guardo em meu corpo a dor do amor,
Transformado em beleza.
Como a pérola é na forma e na cor,
O sofrimento da ostra,
Que agarrada ao rochedo
Não inveja a estrela do mar.
E elabora em segredo
A pedra de brilho lunar.

É bem assim a natureza
de minha alma
Ferida por dentro,
Por fora calma
Até que eu possa abrir o peito
E tirar do coração
A jóia de um amor
Canção...."


"EU NÃO SEI LER NÃO,MOÇO! ... NÃO TIVE  A LIBERDADE DE ESTUDAR!"

Essa frase foi dita (com lágrimas nos olhos), por um agricultor de Boca do Acre, durante uma entrevista de um repórter da Globo, questionando-o se ele sabia ler o mapa do Estado, naquele momento alagado por fortes chuvas, que destruíram toda sua plantação...
Seu pesar mostra o valor que uma pessoa humilde dá á educação! Sua fala de homem simples, revela a função do acesso á escola: LIBERTAR!!! (Paulo Freire ficaria encantado!).O poema veio pelo coração de professora!
Abreijos,
Márcia
 

    LIBERDADE
Sinto-me livre
Porque sei que não sou!
Não ouso largar tudo
e seguir pelo mundo
minha missão é aqui...
E quando alguém declara
que se sente prisioneiro
escravo da ignorância,
lamenta e chora
como fazia na infância,
embora sua sabedoria
seja fruto da harmonia
com a sábia natureza,
É sua vontade de aprender
saber ler e escrever
que revela sua realeza
em ser dono do seu destino
buscando se realizar
pela liberdade de estudar!
                                                            Márcia Barros,libertária,09.05.2012


DESPEDIDA

Existem duas dores de amor:
A primeira é quando a relação termina e a gente,seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do  ‘dor-de-cotovelo’propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
pedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância,mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.

Martha Medeiros

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 INDIVISÍVEL

Caetano se deixa ficar nu
com sua música
Enquanto eu me visto de poesia
temendo a nudez que revelaria
segredos que escolho ocultar!

Uns se despem á noite
outros á luz do dia
mas em algum momento
o sentimento trai
e a verdade sai
pelos poros, pelos furos
peneira tapando o sol,
entretanto vivemos tão orgulhosos
vaidosos do perecível....


Até que o único bem
de incomensurável valor
v,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, invisível
e no impossível se instala
n presença
chamadmor!

                                                                                                  Márcia Barros, vestindo poesia, 13.04.2012

Essa é da novela Aquele Beijo, do blog Emergência Poética de Armandinho.

Amor proibido
 


Amor proibido é isso, tem sabor diferente, mexe com a essência da gente, tudo fica mais excitante, o coração bate mais forte, o rosto cora, bate um friozinho, onde não há quem suporte a mistura de medo e paixão. Os sentimentos parecem que vão saltar pelos olhos e as palavras se entrecortam na boca. Com tudo isso, o medo de que o mundo inteiro venha descobrir o meu pecado. E com a certeza que ele me perdoe.

Enviado por: Thiago Martins – Fortaleza CE
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Não é bem um poema, e sim uma crônica. Porém Martha é sempre bemvinda.

FALAR

Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento. 
 
Assisti ao filme Mentiras Sinceras com uma pontinha de decepção - os comentários haviam sido ótimos, porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco. Porém, nos momentos finais, uma cena aparentemente simples redimiu minha frustração. Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei: como é fácil libertar alguém de seus fantasmas e, libertando-a, abrir uma possibilidade de tê-la de volta, mais inteira. 
 
Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é este tipo de nudez que nos atrai. 
 
Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. 
É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente, se sabe. 
 
Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados. 
 
Tão banal, não? 
 
E no entanto esta banalidade é fomentadora das maiores carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras. Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ela é - ou foi - importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente. 
 
A maioria das relações - entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos - se ampara em mentiras parciais e verdades pela metade. Pode-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentíssimas, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem alcançar a delicadeza de uma declaração genuína e libertadora: dar ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade. Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essencial. E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois. 
 
Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós -e este "a nós" inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. Somos sádicos e avaros ao economizar nossos "eu te perdôo", "eu te compreendo", "eu te aceito como és" e o nosso mais profundo "eu te amo" - não o "eu te amo" dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o "eu te amo" que significa: "seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo".
 
Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimí-la é trabalho para uma vida. 
Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.
 
02 abril de 2006
Martha Medeiros

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Não espere o vento soprar na sua direção, nem corra atrás do vento.
A vida está dentro de você, e viver este dia é o melhor que você pode fazer.
Não deixe alguém esperando pela sua palavra.
Abra o seu coração e olhe para a dor da humanidade.
Do seu lado pode estar alguém que sofre em silêncio.
Não se feche nem retenha as coisas boas.
Há muitas mãos estendidas, e há muitos rostos chorando,
e também há muitas vidas precisando de você.
Faça algo para aliviar os sentimentos daqueles que sofrem, pois você possui condições para tanto.
Arregace as mãos, e não retenha a sua felicidade,
pois o seu gesto de amor, a sua solidariedade,
a sua amizade, será o seu melhor sentimento.
Faça a sua parte no mundo, pois não sabemos
o que nos espera no próximo minuto.
Uma existência toda se esvai num segundo determinante,
e pode ser que não tenhamos utilizado à oportunidade que tínhamos de sorrir.
Tenha sempre a certeza que neste momento uma alma ferida precisa de suas palavras e de um seu conselho, para tomar um novo ritmo de vida.
Deus habita no meio daquele que tem 
o maior sentimento do universo que é o AMOR.
Paulo Ramatis
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Alma de Mulher

Nada mais contraditório do
que ser mulher ...
Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence
pelo amor.

Que vive milhões de emoções
num só dia e
transmite cada uma delas,
num único olhar.

Que cobra de si a perfeição
e vive
arrumando desculpas para
os erros,
daqueles a quem ama.

Que hospeda no ventre outras
almas, da a luz
e depois fica cega, diante
da beleza dos filhos que gerou.

Que dá as asas, ensina a
voar mas não quer ver partir
os pássaros, mesmo sabendo
que eles não lhe pertencem.

Que se enfeita toda e
perfuma o leito, ainda
que seu amor nem perceba
mais tais detalhes.

Que como uma feiticeira transforma
em luz e sorriso as dores
que sente na alma,
só pra ninguém notar.


E ainda tem que ser forte,
pra dar os ombros
para quem neles precise chorar.

Feliz do homem que por
um dia souber,
entender a Alma da Mulher !!!


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  LEITORES
 

Bom saber que não é em vão
que as palavras caem
saem e seguem com vocês:
uns choram
outros fazem canção
uns decoram, outros não
uns repassam
outros deletam
uns bebem,
outros vomitam
mas nenhum passa incólume
porque há vida nessas letras
tal como aqui
de onde elas saem:
de dentro de mim!

                                         Márcia Barros, transferindo, 23.10.2011






Mais um poema da minha amiga. Leia e deleite-se com a imagem.

 
            PORTO DA BARRA .......................................


O gordo, o feio, o pobre
O torto, o tosco...enfim,
Nenhum adjetivo ruim
pejorativa palavra,cabe ali
O mar limpa,
o Porto acolhe
A barra esbarra
qualquer preconceito
Tudo é aceito sem reserva!
A praia do Porto conserva
Ao longo e além do tempo
sua libertária função:
Ali respira-se o vento
do respeito ao que cada um é
que seja simplesmente homem/mulher
artistas, papos intelectuais,
O povo, conversas banais,
nativos, estrangeiros
Todo mundo, tanta gente.
Toda  idade,credo e cor
do igual e ao diferente...
Se o sol aquece quente
ou a chuva resfresca, alivia
Em frente à Ilha de Itaparica
Entre os Fortes de São Diogo
E o de Santa Maria
Nas areias do Porto-da-Barra
Vibra o lugar mais democrático
Da cidade do Salvador-Bahia.
 
                                            Márcia Barros, depois da praia, 13.02.2011




ESQUECIMENTO
Se não vive mais o presente
o passado ás vezes volta
do futuro quem saberá?
Esqueceu tanta coisa importante
recorda  banalidades
esquece o que devia lembrar...
tudo e todos somem num instante
Já não governa nem a si
Nem sabe dizer o que quer
Ontem não havia aqui
esse "alemão" esquisito!
Duvido ele lhe acompanhar
quando em outro plano estiver,
e desse mundo se libertar...
saberá que o amor sobreviveu
e voltará a lembrar
de quem nunca lhe esqueceu                              Márcia Barros, pra não esquecer . 15.03.2011


Esse poema minha amiga fez em homenagem às pessoas que sofrem deste "alemão" .

 Mulher

Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém.
Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro.
Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Flores também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.
Respeite a natureza. Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia.
Não faça sombra sobre ela. Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.
É, meu amigo, se você acha que ter mulher custa caro demais, vire gay. Só tem mulher quem pode!

Luiz Fernando Veríssimo.


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Rir: é a música da Alma.
Ler: é a base da sabedoria.
Pensar: é a fonte do poder.
 Sonhar: é o meio de ligar a uma estrela
o carro em que viaja na Terra.
Ser amigo: é o caminho da felicidade.
Divertir-se: é o segredo da juventude eterna.
Trabalhar: é o preço do êxito.
Amar e ser amado: é um presente de Deus.
Ser útil aos outros: esta vida é demasiadamente curta
para sermos egoístas.
Não deixe que a saudade de ontem nem a preocupação
do amanha perturbem o seu hoje.

                                                     (Autor Desconhecido)
 

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Esse é da minha amiga, inspirada na Idade de Ser Feliz de Mário Quintana, aí embaixo.

A IDADE DE SER

E daí se houve tantas fraudes
Pessoas fingidas e maldades
E o que contam nos livros
não aconteceu?
O que essas mentiras ou verdades
dizem sobre você e eu?
Quero a liberdade de viver
o aqui e o agora
única "idade de ser feliz..."
pois o tempo em sua boca devora
Quem demora a compreender
que tudo está por um triz!


Triste é seguir cheio de mágoas
sem perceber a vida passar
nem viver o que É , e o que HÁ!
Vida se faz caminhando
pisando nas nuvens e no chão
transpondo águas turbulentas
como fazem as pontes...
é seguir atravessando correntezas
confiante na certeza
de novos horizontes!
 
Márcia Barros, atravessando...12.10.2011


A Idade de Ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-las
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo, nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar
e recriar a vida,
a nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores
sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo o desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente
chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa...

Mário Quintana
 




POEMINHA AMOROSO
Cora Coralina
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

Casa Arrumada

Casa arrumada  é assim:Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.



Solidão
Carlos Drummond de Andrade(1902-1987)
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....

Francisco  Buarque  de  Holanda


NUNCA SEI

Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.       
Só se é por um poente não ter uma madrugada.
Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser
uma madrugada?
Fernando Pessoa




ESPERANÇA

Quando surge a esperança...
Quando tudo parece perdido,
Eis que surge a esperança...
Vinda não sei de onde,
Mandada não sei bem por quem,
Para fazer a renovação
Da felicidade!
Vem calma e trás alegria,
Vem forte...
Vem poderosa...
Transforma preto em cor-de-rosa!
Ela não fica longe demais,
Do amor e a paz!
A esperança acalma...
Canta e declama...
É poesia da vida e da alma!
É como a luz de uma chama
Ela ilumina, brinca, anima...
E me faz ver,
Uma noite linda,
E um novo amanhecer!

(Flordelis)
TEMPO
Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Há tempo de adoecer, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Há tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;
Há tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora;
Há tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Há tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Chico Xavier

Vamos aproveitar o nosso tempo com sabedoria...
muita paz, luz, energia...
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O que faz você feliz?


A lua, a praia, o mar
A rua, a saia, amar...
Um doce, uma dança, um beijo,
Ou a goiabada com queijo?

Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,
Arroz com feijão, matar a saudade...
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?

Um filme, um dia, uma semana
Um bem, um biquini, a grama...
Dormir na rede, matar a sede, ler...
Ou viver um romance?

O que faz você feliz?

Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir à toa,
Um pássaro, ser dono do seu nariz...
Ou será um choro que te faz feliz?

A causa, a pausa,o sorvete,
Sentir o vento, esquecer o tempo
O sal, o sol, um som
O ar, a pessoa ou o lugar?

Agora me diz,
O que faz você feliz?

Encontrei essa  poesia numa revista (como propaganda da Pão de Açucar) e achei tão linda!
Pena que não tinha o nome do autor.
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Nem sempre sou igual (Fernando Pessoa)

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo,
Mas não mudo muito,
A cor das flores não é a mesma do sol
De quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem
Vê que são as mesmas flores.
Porisso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim.
Se estava virado para a direita,
voltei-me agora para a esquerda.
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés.
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra.
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

Essa poesia me disse um pouco de mim também. Sou muito mutante.
Como disse Raul: "Prefiro ser essa matamoforse ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".

REVISIONISMO

O verdadeiro revisionismo
preciso fazer em mim
olhando para um passado
também doloroso e sinistro
com esperança do porvir!


Se  ontem mataram, mentiram
hoje ainda o fazem, atiram
retiram de nós a verdade
E não adianta fingir
Desnecessário fugir...


Não se altera o que passou
Vive-se o aqui-agora
Revisando o que restou
Recolhendo frutos 
plantados outrora
pisando em antigas folhas
Refazendo toda hora
outras  e novas escolhas...
Reflito então, sem demora:
Quero ser melhor do que sou!


Márcia Barros, revisionando-se, 06.07.2011                                                                     
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Essa é minha do tempo da minha adolescência (recente). Em homenagem ao 2 de Julho

Bahia, Bahia minha

Bahia de Caetano,
Bahia de Gilberto Gil
Bahia, Bahia minha
Bahia, berço do Brasil

Bahia das artes modernas
Do famoso elevador
Bahia da evolução
Bahia de S. Salvador

Cidade dos altos coqueiros
Dos costumes africanos
Do mercado e das igrejas
E do charmoso baiano

Bahia das lindas praias
Lagoa do Abaeté
Bahia da Capoeira
E do gostoso acarajé

Bahia de Rui Barbosa,
Bahia Tradicional,
Do talentoso Caymi
Bahia do Carnaval.









Minha amiga sempre presente

O QUE SE QUER

Mais do que ser querida
há muitos outros "quereres"
desejos,esperanças e sonhos
Acordo e me recomponho
"tanto querer cabe em meu coração"
e nos versos de qualquer canção...
Quero você , é tesão
"Bem-querer é segredo",
sagrada paixão
Carinho é :  te quero bem
"Te quero!" fácil expectativa,
desejo de toda vida,
querendo como ninguém...
Não quero lhe conquistar
Apenas que me aceite como sou
Para estar e ser o que der
pois "ser feliz é tudo que se quer"
com ou sem o "bendito"  fecho ecler...
                                                                    Márcia Barros,  querida e "querente", 29.06.2011

No momento, estou revendo o S.João do Nordeste, e ouvindo a música "Eu só quero um xodó"
Mais um querer na nossa vida.
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Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiura, a juventude transforma-se na velhice e o erra transforma-se em virtude. Nasa fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente.
Dalai Lama
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Por vezes sentimos que aquilo
que fazemos não é senão
uma gota de água no mar.
Mas o mar seria menor
se lhe faltasse uma gota.
Madre Teresa de Calcutá (1910/1997),

Mais uma de minha amiga poetisa

SOM E IMAGEM

Se eu fosse seu violão
teria  ainda  colo, abraço
dedos  suaves tocariam
as cordas do meu corpo
vibrando alma e coração...
Com toda emoção de sons
que já não digo
guardo só pra mim...
Nas lembranças
dos momentos bons
No desejo de querer mais
Ainda esperando sinais!

Se você fosse minha caneta
meus lápis e pincéis
Escreveria outra história para nós
talvez um poema
com palavras mais doces
pintaria texturas mais vivas
em cores alegres
de permanente matiz.
Se fosse e quisesse
seríamos um caso mais leve
um par com final feliz!

                                               Márcia Barros, compondo, 14.06.2010


EU PRECISO DE VOCÊ

Vem ser
A alegria das manhãs
O abraço, a mansidão
Nesse mundo onde a dor
Não escolhe ninguém
Basta ter um coração

Vem ser
A folia, o elo
O afago, o perdão
Tanta falta faz o amor
Adorar, querer bem
E chamar alguém de irmão

Eu preciso de você
Temos tanto que fazer
Tudo em volta pede a força
Da nossa amizade
Pode crer

Eu preciso de você
Será que você não vê?
Que sozinho ninguém faz
Da vida a felicidade
Que é viver.


Plínio de Oliveira


 Mais uma de Maristher Motta.

Saber de cor a cor

Se segunda-feira foi cinzenta
Bota sal e vermelho de pimenta
Que a terça-feira é verde menta.
Então na quarta-feira que é magenta
Experimenta, inventa e reinventa.
Uma quinta-feira amarela
Cor de sol sabor de cor de canela
De sexta cheia de doce
Que cor você trouxe?
Abre a janela e olha o sábado azul
Espia.
No sabor e cor de todo dia
Preto não é cor.
Mas sei de cor onde está na minha vida.
Tá nos teus olhos, nos meus cabelos,
E na roupa preferida.
Sabor de cor elegante
De festa e de bem com a vida
De estrela de noite em manto
Porque domingo é dia que não tem cor
Dia manso, descando no branco.
E vamos que vamos
De canto em canto
De boca em boca
Que sabe o sabor
Da cor da vida
Experimenta uma mordida
Colorida!

Contatos estéticos

Imaginando ser possível não imaginar,
Não pensar, não sentir, não expressar,
Como seria uma sociedade incapaz de criar?
Sem rock, samba, telas, roupas, decoração, telenovelas.
Imagens, livros, cinema, televisão?
A pipoca na fila, a camiseta sem o artista.
A humanidade sem autógrado,
Sem designer, sem fotógrafo.
Destruir?
Aristótoles, Sófocles, Eva e Adão,
Noel, Bicho-papão?
E os contos de fada?
Como ficaria um mundo
sem poesia e sem piada?
Nada?
Onde se esconderia
Onde se revelaria
A verdade e a mentira,
As idéias, a sabedoria
Os sentimentos, os momentos.
Nus?
Apagar toda a arte que construiu a sua história,
a linha do tempo estética
A música da festinha,
A imagem da memória,
O que ficou do show. Ir embora.
Bota fora!
O ator, o mímico, o palhaço,
Mentir e rir. O baterista, o flautista, o pintor, o CD
E você?
Cantar, pintar, dançar, escrever...
O poder de destruir
Poder construir
O mundo lá dentro.
O mundo lá fora.
Sem a Arte,
Como seria a vida agora?

Maristher Motta Bello

Para nós, mamães!

Mãe...
que na presença constante ensina
na pureza do seu coração a vislumbrar
caminhos...

MÃE...
dos primeiros passos, das primeiras
palavras...

MÃE...
do amor sem dimensão, de cada momento,
dos atos de cada capítulo da vida
não ensaiada, mas vividos em cada
emoção...

MÃE...
da conversa no quintal, do acalanto do
 sono aquecido de amor, aninhada
em seu coração...

MÃE ...
do abraço, do beijo que leva na
lembrança o sorriso de cada filho...

MÃE...
é você que inspira o caminhar...

MÃE...
a presença de cada passo que o
tempo não apaga: por mais longo
e escuro que seja o caminho, haverá
sempre um horizonte...

MÃE...
Mulher a quem devemos a vida,
que merece o nosso respeito,
nossa gratidão e nosso afeto.

Mãe, eu sei,
QUEM É VOCÊ...VOCÊ é... AMOR.
FELIZ DIA DAS MÃES
BEIJOS
                 ( Ivana)      

...............................................................

Mais duas da minha amiga Márcia.

LUARANDO

Os físicos desmentem
tentam desfazer nossos planos
com seus cálculos tão exatos!
Os místicos sentem
resgatam nossos sonhos
nos fazem vibrar mais alto...
Enquanto a lua cheia
Alheia à tantas conjecturas
e bobagens racionais,
brilha imensa sobre o mar
confirmando que,
além das nossas frágeis estruturas,
há tanto mistério a desvendar...
                                                                Márcia Barros, "luarando", 19.03.2011

    BARCOS URBANOS

Acima no asfalto , carros passando
ignoram que ali abaixo
entre o mar e o muro alto
há barcos urbanos
descansando sob o luar
e seu iluminado facho
Assim vivemos nós:
entre o concreto
e o desejo de mergulhar
em busca do desconhecido
do não visto, do que virá!
E então ficamos
na praia, na areia
dançando, cantando pra lua cheia
celebrando a vida com gratidão
vibrando corpo-alma-coração
Ideal retorno à natureza,
pureza sem engano!
Assumindo esse ser
tão "demasiadamente humano"!
                                              
Márcia Barros, "Praiando", 19.03.2011

DO BREU Á LUZ!

De repente tudo virou breu...
assim como nosso caso:
escureceu-se o que era luz!
foi-se o brilho que luzia
entre você e eu
Nada  mais daquele fogo
nenhum jogo empolgava...
sem sintonia
sem parceria
nem poesia!
E o silêncio fez morada
calando até as queixas
para não mais doer...
sei que agora, recuperada
ao raiar um novo dia
Sinto a força que não nos deixa
e faz  perceber
quantas estrelas ainda brilham...
(só eu não via!)
                                                                                 Márcia Barros, por alguém, 1º.02.2011

 

Pátria minha

Vinícius de Moraes


A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!
Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...
Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!
Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.
Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…

Sinto uma emoção enorme quando leio essa parte grifada nesse poema de Vinícius. Não me pergunte porque. A emoção não tem explicação.

Mais uma do Mestre Mário
BORBOLETAS

A noite Desce (Fernando Pessoa)

A noite desce,
O calor soçobra um pouco
Estou lúcido como se nunca tivesse pensado
E talvez raiz, ligação direta com a terra.
Não esta espécie de ligação de sentido secundário.
À noite, quando me separo das coisas
E me aproximo das estrelas ou constelações distantes
Erro: porque o distante não é o próximo,
E aproximá-lo é enganar-me.

Amor é síntese (Mário Quintana)

Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...
Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor

Mário Quintana

“Quando depositamos muita confiança ou
expectativas em uma pessoa, o risco de se
decepcionar é grande.

As pessoas não estão neste mundo para satisfazer
as nossas expectativas, assim como não estamos
aqui, para satisfazer as delas.

Temos que nos bastar...
Nos bastar sempre e quando procuramos estar
com alguém, temos que nos conscientizar de que
estamos juntos porque gostamos, porque
queremos e nos sentimos bem, nunca por
precisar de alguém.

As pessoas não se precisam,
Elas se completam...
Não por serem metades, mas por serem inteiras,
Dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vidas.

Com o tempo você vai percebendo
Que para ser feliz com a outra pessoa,
Você precisa , em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama), e
Que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher da sua vida.
Você aprende a gostar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.

O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim, prá que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando,
Mas quem estava procurando você.

Percebem pessoal? Nada de ficar querendo quem não nos quer. Vamos cultivar nosso jardim e deixem que as borboletas venham. Boa sorte para todos!

Mulheres e árvores

As mulheres são como as árvores:
elas fincam raízes no solo dos nossos corações,
têm paciência e capricho com o próprio crescimento,
seus braços são poderosos e, ao abraçá-las,
nossos espíritos recebem renovadas energias.
Elas amam e cuidam dos seus frutos,
mesmo sabendo que um dia o mundo os levará para longe.
Outras, aquelas que não dão frutos,
oferecem sua sombra àqueles que necessitam de descanso.
Quando açoitadas por fortes ventos da vida,
elas emanam o perfume da força,
trazendo calma por mais assustadora que seja a noite.
Seus corações voam alto o suficiente
para escutarem mais de perto os recados do céu.
Elas oxigenam as ruas das cidades, as avenidas,
os acostamentos de estradas e as beiras de rios e até as matas.
Elas entendem o canto dos passarinhos e, mais do que ninguém,
valorizam e protegem seus ninhos.
Suportam melhor a solidão e as dificuldades da vida...
Elas nascem em maior número
para que o verde da esperança jamais empalideça.
Todas as mulheres são árvores...
e que lindas florestas elas fazem.
Quem estudou na Escola de Belas Artes da UFBA com certeza desenhou essa árvore. Ela revelava um corpo perfeito de mulher. Pena que num dia de tempestade ela tombou e foi totalmente cortada! Ficou representada nos desenhos.

POR-DO-SOL

O dia se despedia
A tarde ia
A noite vinha...
E a saudade com gosto
de não-sei-que
se instalou em meu peito.
Como as aves sem jeito
escondidas nos barcos
balançando ao sabor das ondas
no cais...

O sol derrama ouro no mar
E meu olhar é outro
diante do que não volta mais
lembra do que foi
e não sabe do que virá
Como o reflexo da luz
nas águas...
Sem  mágoas me permito
ficar ou navegar
escolha que me faz sentir
Eterna e efêmera
como o por-do-sol!

                                       
Márcia Barros, crepuscular, 14.06.2010







O LAÇO E O ABRAÇO
Mário Quintana


Meu Deus! Como é engraçado!

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o
laço. É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de
braço. É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido,
em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah! Então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço
afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!


Pessoas São Presentes

Vamos falar de gente, de pessoas.
Existe, acaso, algo mais espetacular do que gente?
Pessoas são um presente.
Algumas têm um embrulho bonito, como os presentes de Natal, Páscoa ou
festa de aniversário.
Outras vêm em embalagens comuns.
E há as que ficam machucadas no correio...
De vez em quando, chega uma registrada.
São os presentes valiosos.
Algumas pessoas trazem invólucros fáceis de desembrulhar; de outras, é
dificílimo, quase impossível, tirar a embalagem. É fita durex que não
acaba mais.
Mas... a embalagem não é o presente. E tantas pessoas se enganam
confundindo a embalagem com o presente!
Por que será que alguns presentes são complicados para se abrir? Talvez
porque, dentro da bonita embalagem, haja muito pouco conteúdo, e com
tanto vazio, com tanta solidão, a decepção seria grande.
Também você, amigo, e também eu, somos um presente para os outros. Você
para mim, eu para você.
Triste seria se fôssemos apenas presentes-embalagem : muito bem
empacotados e...quase nada lá dentro!
Quando existe o verdadeiro encontro com alguém, no diálogo, na abertura,
na fraternidade, deixamos de ser meras embalagens e passamos à categoria
de reais presentes.
Nos verdadeiros encontros humanos, acontecem coisas muito comoventes e
essenciais. Mutuamente, vamo-nos desembrulhando, desempacotando,
revelando ...
Você já experimentou essa imensa alegria da vida? A profunda alegria
que nasce da alma, quando duas pessoas se comunicam, virando um
presente uma para outra?
O conteúdo interno é o segredo para quem deseja tornar-se presente aos
irmãos de cada estrada, e não apenas a embalagem.
Um presente assim, que não necessita de embalagem, é a verdadeira
alegria que a gente sente e não consegue descrever - só nasce no
verdadeiro encontro com alguém.
A gente abre, sente e agradece a Deus.

Autor: R. Soheneider

Eu experimentei essa imensa alegria quando nasceu meu primeiro filho no dia do meu aniversário! (naturalmente). Depois vieram as meninas como presentes de Natal. É uma bênção!


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